Saúde dos líderes: desempenho emocional dos gestores afeta toda a equipe

Lidar com os sentimentos, cobranças, e até mesmo inseguranças que podem ser internas ou provenientes de um cenário externo, não é uma tarefa fácil para ninguém. Não à toa as empresas de uma forma geral estão mais atentas as pautas e reflexões sobre saúde mental e como ela impacta diretamente no relacionamento e resultados do mundo corporativo. Afinal, independente do cargo, sempre serão pessoas e elas precisam ser cuidadas.

E embora para muitos a figura do líder passe por um certo distanciamento e/ou até mesmo blindagem dentro das empresas, o fato é que eles assumem muitas responsabilidades e com elas as altas cobranças passam a fazer parte da rotina. Já da para imaginar que a médio e longo prazo é preciso também olhar com atenção para eles, principalmente considerando que as principais decisões partem de cima para baixo, o desempenho e ações que não prezam pelo controle emocional pode afetar e muito os comandados.

Sim, os líderes também passam por momentos ruins, por dificuldades, não estamos falando aqui de super homens e mulheres. De novo, sempre será um ser humano que erra, acerta, fica feliz, triste, preocupado. Não existe mais espaço para criar ou investir em personagem que só contribuem para fortalecer esse imaginário que não condiz com a realidade.

De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Estadão e realizada pela The School of Life, organização focada em inteligência emocional, em parceria com a Robert Half, de recrutamento executivo especializado:

• 37% dos gestores afirmam não ter tempo para cuidar da própria saúde e bem-estar.
• 65% deles diz não acreditar que os chefes em cargos superiores estão preparados para acolher queixas de saúde mental.
• Dos 387 líderes consultados, 44% admitiram ter deixado de produzir ou de se manter engajados em algum momento por estarem emocionalmente abalados.

Para os especialistas que participaram da pesquisa, o fenômeno acaba gerando um efeito que reverbera pela organização: diante de um líder que trabalha extensas horas, sem hobbies, exercícios ou tempo de autocuidado, essa característica acaba se tornando um exemplo para todo o time.

Tanto os números quanto a percepção dos especialistas nos indicam que ainda há muito a ser feito do sentido de desmistificar alguns tabus e, principalmente, permitir que profissionais que ocupam altos cargos possam ser ouvidos, sem julgamentos ou que isso seja visto pelos demais como uma espécie de fraqueza. Quando todos trabalham juntos, alinhados, se respeitam e se cuidam, os resultados são mais positivos e todos se beneficiam, inclusive a própria empresa.

Benito Pedro Vieira Santos
CEO da Avante – Especialista em Governança Corporativa e Reestruturação Empresarial.

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