Efeito bumerangue: voltar para uma empresa faz sentido?

No atual mercado, torna-se cada vez mais difícil encontrar profissionais que decidem ficar em uma única empresa por muitos anos. E são vários os motivos para isso, mas talvez o mais considerável seja o fato de que em uma sociedade onde as barreiras geográficas e físicas já não são mais um limitador, a possibilidade de viver novas experiências se torna cada vez mais um atrativo.

E é interessante essa constatação porque há poucos anos, no máximo duas gerações atrás, permanecer em uma companhia por anos e até mesmo décadas, era sinônimo de sucesso, de uma parceria satisfatória tanto para a empresa quanto para quem permanecia “na casa”.

O fato é que os tempos mudaram, e no atual contexto de mercado, empresas que não se estruturam para “prender” (no bom sentido da palavra) seus colaboradores são a que atingem altos números de rotatividade do seu quadro. Investir em condições satisfatórias de trabalho, diversidade, equidade, definir uma cultura que permita o crescimento através da meritocracia, desenvolver mecanismos de aperfeiçoamento em relação a função dos colaboradores, além de investir e fornecer as ferramentas ideais, são algumas ações que ajudam nessa missão de tornar uma empresa atraente para, quem faz parte querer ficar, e para quem acompanha de fora desejar entrar e fazer parte desse time.

E nunca é demais lembrar novamente que, durante a pandemia e agora no pós, muitos trabalhadores pediram demissão ou trocaram de emprego visando melhor qualidade de vida, flexibilidade, entre outros pontos que já foram elencados em artigos passados por aqui. Todas essas características dizem muito sofre o perfil atual dos profissionais.

E olha que interessante, agora, uma nova trilha profissional tem ganhado força e vem sendo chamada de “efeito bumerangue”. Ela diz respeito a profissionais qualificados que saem de uma empresa, iniciam ou não em outra e, após um período, retornam ao antigo emprego, seja para assumir uma nova posição ou para retomar àquela que haviam deixado*.

O que está por trás desse vai e vem? Há inúmeras hipóteses. Uma delas é que a economia está mais aquecida e especialmente favorável aos profissionais com mais de 25 anos e ensino superior. Nessa categoria, a taxa de desemprego segue menor do que a média nacional há vários meses, estimulando as movimentações. Mas, de modo geral, podemos deduzir que a mudança realizada, para outra organização ou até mesmo para um novo projeto de vida, não correspondeu às expectativas. Entre tantas possibilidades, a única certeza nesse processo é que, quem volta para a antiga empresa, gostava muito dela. Vale observar ainda que:

– Em tempos de escassez de mão de obra qualificada e de um mercado de trabalho bastante dinâmico, o efeito bumerangue é uma ótima alternativa para empregados e empregadores. Afinal, eles já se conhecem, o que contribui significativamente para tudo dar certo novamente.
– De acordo com uma pesquisa da Robert Half, 64% dos entrevistados gostariam de retornar a um emprego deixado para trás se tivessem essa oportunidade.
– Para se beneficiar desse panorama, porém, organizações e profissionais devem observar uma série de medidas, muitas delas bem anteriores ao momento do retorno.

É fundamental ainda, neste processo de reintegração, ter em mente que o profissional pode ter mudado no tempo em que esteve distante, descolando-se à cultura da empresa de alguma maneira. Por isso, obter referências sobre a sua trajetória, treiná-lo e integrá-lo ao time, como se faria com qualquer outro candidato, é indispensável.

*Fonte:fernando-mantovani

Benito Pedro Vieira Santos
CEO da Avante – Especialista em Governança Corporativa e Reestruturação Empresarial.

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