Etarismo: experiência e maturidade são moedas valiosas

Nos últimos anos, importantes discussões têm ganhado força e visibilidade dentro das empresas e na sociedade como um todo. Não existe mais espaço para preconceitos ultrapassados, falta de conhecimento sobre qualquer tema que não faça parte da sua própria realidade e até mesmo falta de apoio as minorias que devem ser representadas em todas as esferas.

E essa busca pelo respeito, igualdade e transformação, é uma luta contínua e que abrange – inevitavelmente, todos os profissionais em alguma etapa da vida. Se, no começo de uma carreira, jovens são questionados sobre seus conhecimentos, precisam provar que conseguem suportar e sabem lidar com determinadas situações e conseguem se desenvolver fazendo parte de grupos, na outra ponta, o etarismo pode ser uma realidade ainda mais severa.
O fato é que, no Brasil e no mundo, dado o envelhecimento da população e a escassez de mão de obra qualificada, o mercado terá de encarar o preconceito em relação à idade que ainda é amplamente visto principalmente no ambiente corporativo, e – de uma forma ou de outra, passar a valorizar os profissionais com idades mais avançadas.

No geral, a necessidade é sempre uma boa conselheira e costuma surpreender as pessoas ao revelar descobertas que mudam a visão de uma pessoa, a forma de ver a vida e até mesmo de encarar os desafios. Para quem ainda julga ou guarda dentro de si receios e preconceitos quanto aos profissionais mais experientes, a necessidade de trabalhar com eles, pode ser a oportunidade que faltava para não apenas mudar de opinião como para entender que, idade é um número, que não se refere a qualidade, capacidade ou até mesmo entrega de alguém. Pelo contrário, continue a leitura.

Em duas décadas, o número de trabalhadores com mais de 45 anos cresceu no Brasil. Segundo levantamento da consultoria Bain & Company, em 2001 estes profissionais eram 24% da força de trabalho, enquanto em 2021, já representavam 32%. Ao mesmo tempo, houve queda no número de trabalhadores mais jovens: a parcela com menos de 24 anos caiu de 26% para 17% em vinte anos. A pesquisa aponta que o principal fator é o envelhecimento da população brasileira, o que contribui para que a parcela de trabalhadores mais velhos aumente. Segundo o IBGE, o número de cidadãos com 60 anos ou mais aumentou quase 40% entre 2012 e 2021*.

Projeções feitas pela FGV já indicaram que 57% da força ativa no Brasil terá mais de 45 anos em 2040. Agora, um estudo publicado pelo jornal O Globo aponta que em 2060, 54,4% terá mais de 40 anos. Sobre os principais pontos da pesquisa:
• Menos gente para trabalhar: O pesquisador economista Rogério Nagamine estima que o número de trabalhadores disponíveis no país vai cair 6,3% até 2060, o que significa uma perda de cerca de 7 milhões de pessoas em relação ao contingente atual, de 107,5 milhões.
• Futura força de trabalho mais velha: Em 2060, a idade média dos trabalhadores será de 42,1 anos. O ano passado terminou com média de 38,8 anos, pouco mais de dois anos acima da de 2012, que foi de 36,9 anos. Segundo o economista, já no início da próxima década a idade média dos trabalhadores ultrapassará 40 anos.
• Maioria grisalha: E, em 2060, mais da metade (54,4%) da força de trabalho terá mais de 40. No fim de 2022, eram 45,1%. E os maiores de 50 serão praticamente um terço (32%) dos profissionais. Atualmente, eles são 22,4%.

Dentro deste contexto, é preciso ressaltar que ainda que em passos lentos, a contratação de profissionais com mais de 50 anos avança em empresas brasileiras. E o mais importante em tudo isso: o que era tratado até agora como mais uma vertente dos programas de diversidade, começa a ser visto como uma estratégia de negócio diante do envelhecimento da população.

Sim, trata-se da economia do país, geração de renda e consumo. É social. É inteligência estratégica para todo e qualquer negócio que consegue compreender o quanto a maturidade e experiência desses profissionais pode agregar a empresa e aos demais colaboradores que podem aprender e muito com eles. O preconceito etário é citado por 70,4% de profissionais que buscam emprego e têm essa faixa de idade, um número altamente expressivo, mas que ainda é menor do que o que se refere ao desperdiço do rico capital intelectual que é descartado por muitos.

*Fonte:valor.globo

Benito Pedro Vieira Santos
CEO da Avante – Especialista em Governança Corporativa e Reestruturação Empresarial.

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