Varejo: o que a crise da Polishop ensina sobre as decisões estratégicas?

Em 2023, grandes marcas e conglomerados estão passando por crises e reestruturações que têm impactado o mercado, mas também alertado para uma série de condutas e decisões que poderiam ter evitado, ou pelo menos, amenizado o tombo das gigantes.

Entre pedidos de recuperação judicial e reestruturações significativas, o fato é que nunca foi tão necessário focar em gestão e estar atento aos números e decisões estratégicas para manter uma empresa de forma saudável no atual mercado. O que a queda das grandes tem mostrado de forma definitiva, é que nome/marca, quem está a frente do negócio ou até mesmo os investidores que estão por trás, não mantem mais portas abertas a médio e longo prazo.

No caso mais recente e específico no sentido de erros cometidos, é o da Polishop. Sempre é bom lembrar que não estou aqui para apontar o dedo e listar o que deu de errado no sentido pejorativo. Quando uma grande empresa é destaque, para o bem ou para o mal, nos ajuda a entender melhor o cenário macro, analisar o mercado e, principalmente, a evitar que outros negócios passem pelos os mesmos problemas.

No final de julho, foram fechadas metade das suas lojas físicas e o principal motivo apontado, pelo menos a princípio, é o fato da empresa não ter conseguido se digitalizar para seguir crescendo em um ambiente de alta concorrência digital. Vale lembrar que o modelo atual da Polishop, dependente de lojas físicas em grandes shoppings, exige grande despesa de capital e que, além da concorrência com o digital, o cenário de juros altos e crédito escasso torna esse tipo de operação insustentável. Além do impacto econômico, existe ainda o fator pessoas, que fazem parte de qualquer negócio. No caso da Polishop, ao fechar mais de 100 lojas, demitiram 1.500 funcionários.

Veja abaixo 5 pontos sobre esse caso recente e que merecem total atenção e reflexão por parte de quem lidera equipes e empresas, de todos os portes.

  1. No pós-pandemia, as famílias reduziram hábitos de consumo. Baixo índice de confiança do consumidor, acesso a crédito dificultado, impactam diretamente nos resultados das empresas.
  2. Se na ponta com o consumidor as coisas vinham complicadas pro varejista, na ponta com os fornecedores, bancos e shopping centers, as coisas não são muito melhores. Com os fornecedores, as condições de pagamento vão piorando, com prazos menores, o que aperta o caixa do varejista.
  3. Com os bancos, os juros para linha de crédito e empréstimos também estão altos.
  4. Nos shoppings centers, os aluguéis também estão ficando absurdos.
  5. É vital saber como estão as vendas do empreendimento, qual o custo dos seus produtos, qual o nível de estoque e quanto de dívidas se tem.

 

O que fazer em momentos como esse de crise? Entender o que está acontecendo com seu negócio, cortar gastos, investir nas coisas certas e se reestruturar. Não é preciso ser nenhum especialista ou analista de mercado para concluir que as dívidas da Polishop cresceram considerando todos os pontos apresentados neste artigo e a capacidade desse varejista para pagar elas são baixas. Nos resta agora esperar os próximos capítulos dessa história e torcer para que não aconteça o que aconteceu com a Americanas, Livraria Cultura, Tok Stok e infelizmente outras gigantes que ganharam o noticiário nacional.

 

Fonte: https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:7090677410085367808/

 

 

Benito Pedro Vieira Santos

CEO da Avante – Especialista em Governança Corporativa e Reestruturação Empresarial.

 

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