Por que você tem tanto medo de errar?

Por que você tem tanto medo de errar?

Você leitor já se deu conta do quanto, desde muito novos, somos estimulados a sermos fortes, seguros, a acreditar que erros nos deixam – em contrapartida, mais fracos, vulneráveis e até mesmo fracassados (apesar de particularmente achar esta última palavra muito forte)? Com o amadurecimento e as experiências individuais vividas, a gente vai aprendendo que não é necessário ser tão extremista assim, que algumas falhas podem e devem ser corrigidas e que boa parte dos erros deveriam servir como aprendizado e para nos deixar ainda mais fortes, não envergonhados. 

Então, por que tanta gente (para não dizer quase todos) tem tanto medo de errar, principalmente quando se trata de trabalho? Me arrisco a dizer que essa resposta está fundamentada principalmente na insegurança que, consequentemente, passa a ser nociva quando se torna intensa, frequente e o profissional deixa de agir por medo de errar.

É claro que algumas empresas (que ainda não entenderam o impacto de algumas ações e políticas internas), mesmo que não intencionalmente, cobram e chegam a punir determinados erros, o que coíbe qualquer outro colaborador de se aventurar e muito menos de buscar inovar ou experimentar soluções. Mas devemos nos inspirar naquelas que valorizam e estimulam o aprendizado constante, que são lideradas por pessoas que certamente já erraram muito até chegarem a ocupar um alto cargo de comando.  

O fato é que apesar de ser doloroso, às vezes deixa marcas profundas e até mesmo em alguns casos ser necessário esperar o tempo agir e colocar as coisas no lugar, os erros fazem parte da vida de qualquer ser humano e entender que eles não precisam ser encarados como uma fatalidade é o começo para utilizá-los a favor do seu desenvolvimento pessoal e profissional. 

Olha que interessante, o Diretor de Gestão de Pessoas no Magazine Luiza – Luiz Felipe Massad realizou em seu LinkedIn uma pesquisa rápida sobre a percepção de segurança psicológica nas empresas. No total, 1891 pessoas responderam e o resultado, como ele mesmo alertou, deve ser um sinal de alerta. 39% disseram que não percebem esse aspecto em suas empresas e outros 12% disseram que percebem apenas em algumas situações. Ou seja, 51% dos colaboradores poderiam estar mais engajados e performando melhor simplesmente se sentissem mais seguros. 

Massad lembrou ainda que segundo Amy Edmondson – que é professora e uma estudiosa americana em liderança, formação de equipes e aprendizado organizacional – a ausência da segurança psicológica impacta especialmente nos processos que envolvem criatividade e inovação (como eu mencionei no começo deste artigo). Já é sabido que a tensão provocada pelo medo impede a dedicação efetiva das pessoas em processos de alto risco. Porém, pode-se notar também que ambientes sem segurança psicológica carecem de participação e comprometimento, o que naturalmente impacta o alcance de resultados acima da média.

 

Diante de tais constatações, como todo e qualquer problema, a mudança só começa quando o que precisa ser mudado é identificado e entendido como prioridade. Neste contexto, entender que segurança psicológica é a consequência de um ambiente que valoriza os resultados tanto quanto valoriza as pessoas, que é caracterizado pela segurança que os membros da equipe têm em expressar suas opiniões, de errar e tornar o erro uma experiência de aprendizado, é crucial. “Garantindo que sua humanidade e saúde sejam inegociáveis para o negócio”, como bem define Massad. 

Aos líderes, deixo a seguinte sugestão: entenda o perfil e a capacidade de cada liderado, com isso, você conseguirá extrair o que há de melhor em cada profissional de sua equipe. Aos liderados, a sugestão é a seguinte: pense que a cada tropeço você está avançando dois ou mais degraus de uma escada, vai ralar o “joelho” ou o “cotovelo”, mas você está seguindo adiante.

E a sua empresa, estimula a criatividade, a inovação e consequentemente os erros? Ou faz parte do grupo daquelas que ainda não entenderam o quanto a política do medo pode ser prejudicial aos negócios e pessoas envolvidas? Pense nisso.

 

BENITO PEDRO VIEIRA SANTOS

CEO da Avante Assessoria Empresarial – VP do Grupo Alliance

Especialista em Reestruturação de Empresas

 

 

 

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