Existe carreira após a aposentadoria?

Para os especialistas, a resposta à pergunta do título é sim. E o mais importante, esse planejamento precisa começar antes do encerramento previsto. Em tempos de inúmeras incertezas, muitos desafios e mudanças rápidas na sociedade, falar de longevidade tornou-se vital e parte de qualquer planejamento estratégico – de vida e claro, profissional.

Cada vez mais pesquisadores e especialistas tem se dedicado aos estudos sobre as consequências do aumento da expectativa de vida no Brasil e no mundo. Vale lembrar que por aqui, o indicador atual é de 75,5 anos. E isso impacto, inevitavelmente, passa também pela economia, afinal, independentemente da idade os custos para sobrevivência e para manter qualquer estilo de vida contribui para fazer essa roda girar e não parar.

Desta forma, não é difícil imaginar que profissionais idosos que continuam ativos continuam a contribuir em todas as esferas. Não se trata apenas da força de trabalho empregada, mas manter-se no mercado tem a ver também com o aprendizado contínuo, especialmente focando em transformações recentes e o uso do conhecimento de ferramentas digitais. E esse autoconhecimento ajuda a manter uma mentalidade flexível para entender como poderá aplicar as habilidades aprendidas ao longo da carreira em novas oportunidades e áreas, de acordo com as novas pretensões e objetivos.

Juliana Ramalho Almeida, da Talento Sênior, participou em janeiro do Fórum Econômico global em Davos, e divulgou em seu perfil o importante estudo intitulado, em tradução livre, “Princípios da economia da longevidade: a base para um futuro financeiramente resiliente”*. Veja abaixo quais são os seis princípios e como eles podem ajudar a entender de forma ainda mais aprofundada e abrangente os impactos da longevidade no mercado de trabalho e na vida.

SEIS PRINCÍPIOS PARA A ECONOMIA DA LONGEVIDADE

• Princípio 1
Garantir a resiliência financeira ao longo de eventos-chave na vida
Quase 40% globalmente enfrentam instabilidade financeira após interrupções de carreira não planejadas, incluindo pausas na carreira, doenças ou aposentadoria inesperada. A colaboração público-privada é crucial para apoiar indivíduos que enfrentam esses desafios.

• Princípio 2
Fornecer acesso universal à educação financeira imparcial
Apenas 33% da população global é considerada financeiramente alfabetizada, contribuindo para desigualdades de riqueza fortemente correlacionadas com desigualdades na expectativa de vida. Educação financeira abrangente e imparcial capacita indivíduos a tomar decisões financeiras informadas.

• Princípio 3
Priorizar o envelhecimento saudável como fundamental para a economia da longevidade
Cerca de um quinto da vida é esperado ser vivido com doenças, e 80% dos adultos em países em desenvolvimento estão preocupados com o custo das despesas médicas. O acesso equitativo a serviços de saúde pode facilitar o bem-estar tanto para o indivíduo quanto para a sociedade em geral.

• Princípio 4
Evoluir empregos e o desenvolvimento de habilidades ao longo da vida para uma força de trabalho multigeracional
Internacionalmente, até 25% das pessoas com 55 anos ou mais desejam trabalhar na velhice, mas enfrentam barreiras para encontrar oportunidades. Mudanças demográficas e inovações tecnológicas exigem que empregos e o desenvolvimento de habilidades se adaptem e evoluam, permitindo que os indivíduos estendam seus anos de trabalho conforme desejado.

• Princípio 5
Projetar sistemas e ambientes para conexão social e propósito
A conexão social é fundamental para uma longevidade saudável. Adultos mais velhos socialmente isolados têm um maior risco de saúde precária e morte precoce. O design intencional de sistemas e ambientes para a conexão social pode mitigar esses impactos.

• Princípio 6
Abordar intencionalmente as desigualdades na longevidade, incluindo gênero, raça e classe
Os benefícios da longevidade não são distribuídos de maneira equitativa. A defesa pela equidade salarial e de pensões, bem como o apoio aos cuidadores informais, são alguns dos elementos cruciais para garantir que a segurança financeira e os benefícios da longevidade sejam mais acessíveis a todos.

*Fonte:www.linkedin.com/pulse/longevidade-e-resili%25C3%25AAncia-financeira-impacto-brasil-do-sim%25C3%25A3o-qx1kf/?trackingId=N27urKEpSHW4dztSL3ruxw%3D%3D

Benito Pedro Vieira Santos
CEO da Avante – Especialista em Governança Corporativa e Reestruturação Empresarial.

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