Reestruturação ≠ Recuperação Judicial
Antes de qualquer coisa, é essencial esclarecer um equívoco comum: Reestruturação não é o mesmo que Recuperação Judicial.
Enquanto a Recuperação Judicial é um processo jurídico, previsto na Lei nº 11.101/2005, aplicado a empresas em situação de insolvência, a Reestruturação Empresarial é proativa e estratégica. Não envolve judicialização, não exige pedido à Justiça e pode — e deve — ser feita com saúde financeira ou em momentos de inflexão no negócio.
Segundo o relatório da B3 (2023), das empresas que reestruturaram suas operações nos últimos cinco anos fora da Recuperação Judicial, 71% apresentaram crescimento sustentável nos dois anos seguintes.
“Informações corretas possibilitam decisões corretas. E decisões corretas, tomadas na hora certa, mudam o rumo de uma empresa”, conforme afirma Benito Pedro Vieira Santos, CEO da Avante Assessoria Empresarial.
Como Funciona a Reestruturação?
Passo a Passo
A Reestruturação pode envolver diferentes áreas e se desdobrar de várias formas, mas seu processo costuma seguir algumas etapas comuns:
- Diagnóstico empresarial completo
Avaliação profunda dos aspectos financeiros, operacionais, comerciais, societários e estratégicos da empresa. Aqui são identificados gargalos, ineficiências e oportunidades. - Análise de cenários e riscos
Projeções com base em dados reais e simulações para entender o impacto de diferentes decisões estratégicas. - Redesenho do modelo operacional ou societário
Pode incluir revisão de processos internos, reformulação de estruturas de gestão, revisão de contratos, revisão tributária, ou até alteração do modelo societário. - Plano de ação estruturado e cronograma executável
Documento com metas claras, KPIs, responsáveis, prazos e recursos necessários. - Execução monitorada e ajustes contínuos
Acompanhamento disciplinado, com ajustes de rota sempre que necessário. - Avaliação de resultados e cultura de melhoria contínua
Reestruturação de verdade deixa legado. A organização aprende, adapta e se fortalece.
Como destaca Benito Pedro, “Reestruturar é colocar a empresa no eixo certo para o momento certo. Pode ser para reduzir custos, mas também para crescer com segurança ou organizar para abrir capital.”
Toda a equipe precisa saber exatamente que horas são dentro da empresa. Ou seja, todos precisam ter clareza sobre o momento atual, os objetivos e os caminhos a seguir.
Para Quem Serve a Reestruturação?
Não é apenas para empresas em dificuldades. A Reestruturação é ideal para empresas em momentos como:
- Expansão ou mudança de mercado
- Entrada de novos sócios ou investidores
- Preparação para IPO
- Sucessão empresarial
- Reposicionamento estratégico
- Fusão, aquisição ou cisão
Exemplos Reais
- Natura &Co
Em 2023, anunciou a Reestruturação Global com foco em eficiência. A empresa vendeu a Aesop à L’Oréal por US$ 2,5 bilhões (Fonte: Valor Econômico). O movimento permitiu foco nos negócios principais (Avon, Natura, The Body Shop) e redução de dívida. - IBM
A gigante de tecnologia passou por diversas Reestruturações. Uma das mais notáveis foi a cisão da Kyndryl (2021), empresa focada em serviços de infraestrutura de TI. A IBM pôde focar em cloud e inteligência artificial.
Esses exemplos mostram que grandes empresas usam a Reestruturação como forma de crescer, inovar e se adaptar.
Reestruturar é dar um novo fôlego à empresa — seja para se tornar mais competitiva, crescer com segurança ou organizar a casa para o futuro. Não é preciso estar em crise para repensar a estrutura. Empresas saudáveis, ao realizarem esse movimento com apoio especializado, ganham musculatura para enfrentar mercados cada vez mais voláteis e complexos.
A Reestruturação Empresarial é, na verdade, um ato de coragem e visão.